terça-feira, 3 de julho de 2012

Súplica por Paz...


Tem dias que eu preciso de paz como preciso de ar...
Em alguns momentos, aqueles que eu sei que o equilíbrio tá prestes a ir embora...
Eu sinto um leve desespero, antes de pedir paz...
Meu coração se agita, parece que chora tanto quanto eu...
Ou melhor,meu coração chora antes, já que as minhas lágrimas são apenas o resultado da dor que meu coração já sentiu....
Surgem momentos onde muitos porquês povoam a minha mente, onde aparece uma vontade repentina de cobrar das esferas superiores todas as alegrias com as quais eu sonhei... mas que não se realizaram.
Esses momentos vem seguidos de uma saudade de algo que eu não vivi, de coisas que eu não conheço...
É tudo tão rápido, e eu sinto tanta tristeza, parece que de alguma forma eu perdi tanto...
E se antes, minhas reações eram as piores nesses momentos....
Hoje eu apenas suplico por PAZ...
Lembro das palavras do Mestre, e peço a paz que Ele prometeu...
Peço às forças superiores que ajudem esse coração a se segurar pela paz...
Peço serenidade pra não desejar o que não me fará bem...
Peço calma pra entender o porquê de não ter tudo o que eu quis...
Peço esperança para não lamentar o passado
Peço coragem para não temer o futuro...

E assim, o desespero finda....

Esse é um pequeno texto em agradecimento aos meus mentores espirituais, que sempre seguram minha mão e me abraçam muito forte nesses momentos de angústia...
É muito bom poder sentir esse equilíbrio, mesmo que seja uma vez ou outra...




O amor acaba - Por Paulo Mendes Campos



Esse texto me chocou, me enraiveceu até....  
Mas por que nele eu encontrei muito do que eu já fui...   e ainda sou.







O amor acaba. 
Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.


Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21, organização e apresentação de Flávio Pinheiro.



Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. Mateus 6:21



Nos meus últimos dias, dias de turbulência completa, de transformações, de mortes de mim mesma, de renascimentos de outra eu, muitas coisas aconteceram, dentre elas, a vontade de voltar a publicar nesse blog. As palavras já não cabem mais no peito,muitas vezes não podem sair pela boca, e também não cabem mais em microblogs como Facebook ou Twitter, pois são muito pessoais, e muito longas, rs...
Então, volta a filha pródiga ao antigo lar...
Acabei de escrever pra um amigo essas palavras: 


A cada dia que passa, eu vejo que preciso buscar plenitude,
estar em equilíbrio já ajuda
mas uma coisa é fato: o único sentimento que deve unir duas pessoas é o amor. 
Fora disso, só restam mentiras
e, claro, a gente busca o que a gente é.... 
as situações que nós colocamos na nossa vida, 
são reflexo das pessoas que nós somos.


Terminada a conversa, fiquei pensando muito sobre essa ideia de que as
situações da nossa vida são reflexos de quem nós somos realmente.
E então veio essa frase do Mestre Jesus:



 "...Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração..."

Pensando nisso, eu pude ver que nós ficamos nas situações em que nos sentimos confortáveis, nós escolhemos os passos que vamos dar a partir das coisas que nosso coração mais valoriza.
Houve um tempo em que eu, a Antropófaga, valorizei demais o orgulho. Quis a todo custo fazer como Renato Russo disse: provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém.
E hoje, 10 anos depois, o meu orgulho ainda cobra as suas consequências.
Naquela época, meu tesouro era o meu orgulho. E com o meu orgulho estava o meu coração.
E só recentemente eu pude perceber isso.
E só recentemente eu pude perceber que não são palavras vãs quando os Grandes Mestres nos falam sobre os malefícios do orgulho. Hoje eu percebo que até mesmo o orgulho interno, aquele que a gente sente mas não diz a ninguém, não demonstra, até esse orgulho pode nos levar à ruína  No meu caso, bastou que alguém dissesse: VOCÊ NÃO É DIGNA DE TAL COISA. 
Antes eu não tivesse sido orgulhosa, e tivesse aceitado que em determinadas situações, é melhor mesmo não insistir, não me achar digna de algo que nem tão benéfico seria pra mim. 
Mas o meu orgulho não me deixou ver os malefícios. Só via que me negavam algo que eu queria. Meu Eu orgulhosa não poderia deixa aquilo acontecer. 
Eu não percebia, que na verdade, talvez, lá no fundo, eu de fato sentia que não merecia mesmo aquilo que me negavam. 
E eu tentei de todas as formas esconder esse sentimento de não ser digna,de não merecer a família que eu sonhava. 
E quanto mais eu tentava esconder, mais orgulho eu sentia. E o orgulho me cegava. 
Mas, depois de um período de muitas descobertas espirituais, de muitos véus rasgados, eu pude perceber, a partir de uma tristeza inexplicável que eu sentia toda vez que via alguém que tinha realizado plenamente todos os sonhos que na minha vida não se realizaram plenamente. 
Depois de analisar essa tristeza, Deus me deu a oportunidade de CONSEGUIR VER que eu me sabotei esse tempo todo. 
Eu, por não me achar digna, procurei todos os caminhos possíveis que me levavam a qualquer lugar, menos aonde eu queria chegar. 
É com muita alegria que eu percebo todas essas modificações, todas essas constatações sobre minha personalidade, e vejo que esse é só o início de uma longa caminhada. 
Muitas pessoas mantém o seu coração em tesouros de facilidades ou conquistas materiais, outros deixam o seu coração entregues a outras pessoas, vendo outras pessoas como seu próprio tesouro...
Cada dia que passa, eu vejo que o meu tesouro é a pessoa que eu posso ser, é a promessa de luz que eu sou.... meu tesouro são cada uma das minhas cicatrizes, pois elas me ensinaram muito sobre a vida...
Meu tesouro está nas pessoas que eu cativei e me tornei responsável por cuidar.... 
Hoje eu vejo que meu tesouro está em cada pessoa que cruza o meu caminho, e na VONTADE que eu sinto de ser um bálsamo, seja com um afago, com uma risada, ou apenas com um sorriso...
Meu coração está na ideia cada vez mais forte de que eu não sou apenas uma individualidade, desconexa e sem função.... Meu coração vibra por ter como tesouro a ideia de que eu sou uma das milhares de Partes, de um grandioso Todo...