Estou sentindo um peso enorme por todas as coisas que meu coração esconde. Nunca concordei moralmente com a ideia de que o coração de uma mulher é um oceano de segredos. Nunca quis que o meu fosse um. Sempre preferi a ideia de ser um livro aberto, mas hoje não dá.
São tantos sentimentos guardados, escondidos, tenho que ser tão polida, tão cordial o tempo todo.
Eu me sinto como alguém que estava num poço, e agora estou debruçada na beira, mas prestes a cair de novo, a qualquer momento.
É como viver em uma redoma, ver tudo, ouvir tudo, mas não conseguir me expressar corretamente. E é bom ficar na redoma, é bom ir ficando invisível.
Talvez esse seja o preço de ser a sua própria e única companhia, mas o fato é que tenho cada vez mais me acostumado a isso.
Não dói mais, não há mais o que perdoar.
Só o coração que se enche, sim, de uma tristeza enorme... Eu queria tanto dizer o quanto dói não conseguir me abrir, o quando dói quando o coração escolhe permanecer em silêncio.
Eu tinha tantas esperanças de mostrar tudo de mim pra você, como quem mostra todos os truques, como quem se despeja pra o outro...
Mas agora, tal qual o vampiro, só resta me esconder atrás da capa...
Parece que não foi o suficiente, parece que não agrada, parece que são só bobagens minhas...
Tem tanta coisa aqui dentro, eu quis te mostrar, mas vc não quis , não se importou, deixou pra depois...
Agora eu falo através do vidro, agora as mensagens são depuradas, vazias de significado, são frias, não tem a minha exata expressão...
Cada palavra que eu digo hoje tem o burilamento do comum, do normal, daquilo que não te espanta, daquilo que é rotineiro, que é previsível...
Hoje eu prefiro vestir outra pele, outro rosto, outros sonhos...
Deixa tudo o que tem aqui muito bem guardado, só pra mim...
Não penso mais em arco-íris de palavras, nem em bombardeio de cheiros e sorrisos...
Não quero que vc pense que eu ainda sou aquela menina, mesmo ainda sendo.
Eu vou esconder...
Eu vou camuflar...
Não quero mais te desapontar.
Atualmente minha vida está neste exato estado. O amor esfriou, mas não por falta de tentativas, e sim por um distanciamento, real, duro, difícil. Fomos separados por um poder que estava além de nossa capacidade, e agora tudo o que sobrou foram mensagens depuradas, através de um vidro.
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